terça-feira, 10 de setembro de 2013

Meu pai fugiu de casa.

No último sábado cheguei no meu limite.

Estava deitada a tarde, com enxaqueca, quando escutei meu pai abrindo a porta da sala. Até aí, normal, pois ele sempre abre para dar uma "sapeada lá fora"(sic). Só que ele trancou e ficou do lado de fora de casa. Fiquei um pouco preocupada, mas como ele não tem a chave do portão, pensei que em pouco tempo ele entraria em casa. E foi o que aconteceu. Continuei descansando.

Depois de um tempo, estranhei que a televisão continuava desligada e não ouvia barulho de computador e nem nada.

Fomos procurar meu pai e não encontramos. Na hora bateu um desespero, mas pensei: "calma, Mônica, ele saiu há poucos minutos e não deve estar longe. Sua burra, como não percebeu que ele saiu???????". Não sei onde ele encontrou uma chave do portão. 

Liguei para o celular e meu pai atendeu (ufa!). Perguntei onde ele estava e recebi uma resposta meio grossa, impaciente, dizendo que estava indo ao parque e não sabia o nome da rua. 

Enquanto isso, meu namorado e eu saímos. Depois de poucos minutos, liguei novamente, perguntando se meu pai não sabia o nome da rua ou alguma loja por perto e ele disse "Rua Chile". Para confirmar, perguntei de novo "Rua Chile? e ele ficou bem nervoso. Falei que iria busca-lo. Ele disse que não precisava e eu iria me perder.

Fizemos o caminho habitual para ir ao parque. Como meu pai deu uma referência, foi mais fácil para encontra-lo. Meu namorado avistou meu pai e parou o carro. Antes de descer do carro e falar com ele, o Régis (namo) falou para esperarmos um pouco e observarmos seu comportamento. Pensamos em deixa-lo caminhar bastante, até cansar, e segui-lo devagarinho. Mas desistimos, pois poderia ser perigoso. Pelo menos ficamos tranquilos ao ver que meu pai ainda sabe atravessar a rua direitinho.

Tivemos uma idéia: fingir que meu namorado estava correndo, "encontrar" meu pai ocasionalmente e ir embora para casa. Ultrapassamos meu pai e estacionamos mais à frente. Meu namorado desceu do carro e saiu correndo. Saí de fininho e fui estacionar por perto, sem ser vista.

Depois de uns 10 minutos de espera, liguei para o Régis (o que seria da gente se não tivéssemos celulares, né?) e ele falou num tom surpreso "Mônica, eu tava correndo e eu encontrei seu pai caminhando! A gente andou um pouco, mas já estamos meio cansados! Você pode nos buscar?". Eles sentaram em um ponto de ônibus e em menos de 5 minutos eu cheguei e peguei os 2. 

O Régis me contou que meu pai falou pra ele (num tom meio sarcástico) que eu tinha acabado de ligar e queria busca-lo, mas ele achou melhor não, pois eu iria me perder. Também me disse que ao passarem por uma família com um cachorro, meu pai falou que não estava num dia bom e queria "dar uma bica" no cachorrinho.

Meu pai não tinha a menor noção de onde estava, nem de como ir ao parque. Meu namorado falou que ele só sabia (erroneamente) que deveria pegar a Av. Independência. 

De madrugada, quando ele já estava dormindo, tirei a chave dele do quarto e escondi no meu. 

No dia seguinte, ele perguntou "quem foi o energúmeno que pegou a minha chave?" e me pediu ajuda para procura-la. Respondi que não sabia e que ajudaria ele na busca. E ele sossegou. 

Na verdade, minha mãe chegou de viagem no domingo a noite (finalmente!!!) e, coincidentemente, ele ficou mais tranquilo.





2 comentários:

  1. Querida Monica,

    Estou sempre acompanhando o seu blog e o seu desempenho fisico e mental pra proporcionar o melhor para o seu pai! Esses dias que lendo o seu blog, vi que ele nao esta consciente que esta doente. Como nao estou perto, nao da pra saber! Esses dias ele me escreveu que quer voltar a trabalhar, que esta cansado de ficar parado, voce deve ter visto ne? Fico feliz quando recebo email dele e sempre procuro responder como sempre respondia! Te admiro demais e torco para que voce seja sempre muito feliz! Beijao!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Marcia,

      Fico contente em saber que alguém lê as coisas que escrevo hahahhahaha!
      Meu pai queria voltar a trabalhar mesmo, mas não dá, infelizmente. Às vezes ele parece tão bem, consciente, mas logo em seguida ele fala alguma coisa ou toma alguma atitude que não seriam adequadas em um ambiente de trabalho. Estamos pesquisando uma terapia ocupacional, quem sabe dá certo! Pois sair com ele sozinho está cada dia mais difícil, ele tem "aprontado" um pouco. Obrigada, prima! Beijão!

      Excluir

Olá, obrigada por comentar!

Gostaria muito de saber como você convive com a doença de pick.

Se tiver alguma dúvida, crítica ou sugestão, sinta-se à vontade.

Conto com sua ajuda para tornar este blog melhor!