quarta-feira, 26 de junho de 2013

"Perdendo os dentes"


Nos últimos meses caíram alguns dentes do meu pai.

Não sabemos por qual motivo isso tem acontecido, pois segundo o médico, não há relação com a doença e nem com os remédios que meu pai tomava. Por sorte, o dentista sempre dá um jeitinho e conserta os dentes. 

Sempre que pergunto como foi (pois dificilmente consego acompanha-lo, devido às minhas aulas noturnas), ele dá risada e diz que precisou tirar a roupa. E que a primeira coisa que o dentista pede, é para tirar tudo. E dá risada. 

É claro que o dentista não pede esse tipo de coisa. Mas não sei por que meu pai começou a fazer essa brincadeira! E ainda diz que tira a roupa sem entender bem o motivo, mas mesmo assim, é a parte mais divertida do "passeio".

P.S. O título do post é em homenagem à música "Perdendo os dentes" do Pato Fu, banda que adoro. (Para ouvir a música, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=UxZnFM-8SuU).

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Amante?


Semana passada meu pai começou uma conversa meio esquisita:

- Mônica! Preciso arrumar uma amante!

- ... é... amante... AMANTE? Mas, pai! Você é casado! E muito bem casado! Minha mãe vai ficar com ciúmes! Triste! Não pode!

- Ah! Mas sua mãe dorme com a sua avó, com a sua tia e até com você, menos comigo!

- Mas pai... mesmo assim... não pode!

- E ela nem cumpre com os deveres matrimoniais!

Depois do último comentário, não contive meu riso e saí de perto, para ver se ele se esquecia do assunto e da idéia de arrumar uma amante! Ele não tocou mais no assunto. 

Ufa!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Meu pai atendendo o telefone.

Agora pouco o telefone tocou e meu pai, que está atendendo ao telefone ultimamente, atendeu:

- Alôu! 
- ...
- Ela não está. E só com ela?
- ...
- Não, eu não sou nada. Estou aqui só de passagem!
- ...
- Não sou ninguém. Incógnito. 
- ...
- Não, nenhum registro.
- ...
- Posso deixar recado, sim. 
- ...
- Ué, ela não conhece a senhora? Hunf, achei que era uma conhecida.
- ...
- Fala. Falar com... estou anotando. Alana. B, ahn, ahn, 40... s? Tá.
- ...
- Ela entra em contato com você, então.
- ...
- De nada.
- ...
- Tchau!

Desligou e me falou:

- Mônica, que moça mais insistente! Eu falei que não era ninguém! Acho que o chefe dela é quem manda pegar o nome, né? Coitada, vai tomar uma bronca! Hahahahahha!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Vida de cuidador: ser ou não ser, eis a questão


Até quando pretendo cuidar do meu pai?

Essa é a pergunta que me ocorre quase que diariamente.

Meu namorado e eu planejamos morar juntos - e ficar noivos, né Régis, vou ganhar meu anel, êeebaaa - quando eu terminar o meu curso de finanças. Também desejo trabalhar nessa área (não mais com nutrição). Até já pensei em continuar cuidando de idosos, pois acho que já tenho alguma experiência e é difícil encontrar pessoas confiáveis para esse trabalho - que exige tanta dedicação e carinho. Mas isso é outra história. O que você acha, caro leitor?

Bom! Enquanto isso, vou sonhando. E me preocupando. Quem vai cuidar do meu pai? Se nem os mais "chegados" tem tanta paciência como eu, quem terá? 


Planejar é uma coisa, colocar em prática é outra totalmente diferente. Que agonia...!

Tem uma senhora que ajuda na limpeza de casa aos sábados. Durante a semana ela trabalha num distrito de Ribeirão Preto, Bonfim Paulista, e chama-se dona Lucia. 

Apesar de já ter 60 anos, cuida de uma casa enorme e, pelo que me disse, nunca recebeu nenhum aumento, férias ou bônus. Pura sacanagem da patroa, que é "cheia da grana". 

Acho que ela é a única pessoa que confio para deixar meu pai. Sabe aquela mulher boa, de coração enorme e sensível, que preza pela honestidade e respeito? É a dona Lucia. 

Teve uma época em que eu brincava que ainda iria "rouba-la" da patroa mesquinha e ela ria  alto - imagino que na esperança de eu convida-la mesmo para trabalhar em casa. 

Quando vou para São Paulo, costumo sair sábado de manhã e, durante este período, a dona Lucia fica com meu pai - minha mãe trabalha até às 13 horas. Ele fica bem comportado com ela. O único medo que a dona Lucia sente, é que meu pai saia de casa. Mas ela não precisa se preocupar, pois ele não tem a chave do portão.

Em janeiro, pensava que talvez nem precisasse me preocupar com quem meu pai ficaria, pois achei que ele ia morrer. Morrer. Morte. Palavrinhas pesadas, não? Eu tinha tanto medo de perder meu pai a qualquer instante! Ele estava tão fraquinho e dependente. Agora,  está se alimentando bem, tomando banho e ativo - acho que ele está bem e não vai morrer de uma hora para a outra.

Tô meio depressiva esses dias. Sem muito ânimo, me sentindo meio inútil. O pior é que eu sei que deveria estar animada e feliz, porque meu pai não depende mais (tanto) de mim. Mas acho que isso me faz ter tempo para parar e pensar em mim, na minha vida e no que eu estou "perdendo", enquanto todos ao meu redor só estão "ganhando". 

Hoje comprei presente (pela internet, eita facilidade moderna) de casamento para um amigo que admiro bastante. Estou super feliz por ele e pela noiva, que se formaram na USP mais ou menos na mesma época que eu. Recentemente, minha melhor amiga também ficou noiva e foi morar com o parceiro. Fico pensando o quanto eles serão felizes para sempre. Mas é inevitável a comparação com a minha vida. Não é que eu sinta inveja (aquela coisa negativa, de vilã de novela). Pelo contrário, gostaria muito de também estar pensando em casamento, em casa própria com o noivo, enxoval, viagens, trabalhos, mudanças, aumentos... parecem coisas tão distantes e não merecidas por mim.

Semana passada (ou será retrasada, já?) fui ao neurologista. Ele já foi médico do meu pai, mas acabou indicando o atual para dar continuidade ao tratamento. Eu acabei me afeiçoando bastante a ele e acabo chorando toda vez que tenho consulta. Faço um tratamento para depressão (assunto que ainda vou abordar no blog - só falta criar coragem para falar) e enxaqueca. 

Nesta última consulta, ele falou algumas coisas que me deixaram pensativa (até demais). Disse que ele tem filhas da minha idade e, que nesta época da vida, eu deveria estar aprendendo a dar banho nos meus filhos e não no meu pai. Que se meu pai fosse consciente, provavelmente gostaria que eu tocasse a minha vida. Dentre outras coisas.

O que você, leitor, acha de tudo isso? Me dê uma luz, uma opinião, sugestão, bronca, conselho, uma piada, qualquer coisa! Hoje meu pai gritou tanto comigo, que fiquei totalmente sem chão. E eu só queria trocar o lençol molhado da cama dele... é tão bom vê-lo tão esperto sem remédios, mas ao mesmo tempo é tão difícil aguentar as patadas que ele dá inúmeras vezes, sem nenhum motivo. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sabonete para macho


Meu pai gosta de usar o sabonete Dove, o mais tradicional, de embalagem azul.

No supermercado, ele notou que havia uma versão nova, com "men" escrito e disse:

- Vou pegar esse de MACHO! 
- Opa! Vai arriscar um cheiro diferente? 
- Vou! Mas também vou pegar um "normal". E o de maaaaaacho!

Continuando as compras, meu pai quis um monte de bolacha de chocolate. Ficou contente quando viu uma de coco e falou "pressstiiígio!!!". Eu já estava prestes a colocar na nossa cestinha, quando ele falou:

- Se bem que eu não sou muito chegado em coco! 

O passeio foi tranquilo na maior parte do tempo. Só em um dado momento, quando um funcionário gritou para brincar com o outro e meu pai soltou uns palavrões bem cabeludos, que por sorte ninguém ouviu.

Saco?



No carro, minha mãe disse:

- Viu, filha, então passa no banco e saca dinheiro.
- Saco! - respondi.
- SAAAACO?????? - meu pai gritou, indignado.
- é, pai, mas é saco do verbo sacar! Eu saco, tu sacas, ele saca.... 
- Aaaaahhh bom, pensei que fosse outro saco!!

Nós três rolamos de rir!

Chorão


Ontem faleceu o cantor Chorão, da banda de rock Charlie Brown Jr. 

Como esta notícia é importante, passou em vários programas durante o dia. Em um deles, disseram que foi encontrado um pó branco no apartamento do falecido, mas que os resultados das análises ainda não estavam prontos. Na hora que ouviu isso, meu pai falou:

- Pó branco? É, farinha não devia ser. Ele não tem cara de quem fazia muito bolo.

Eu sei que a notícia é triste e tal, mas não consegui conter meu riso e minha alegria em ver meu pai raciocinando com rapidez.