Ontem ajudei meu pai a se alimentar. Pela primeira vez.
Quando fui chama-lo para jantar, ele estava na poltrona assistindo televisão. Como cochilou, sujou as roupas. Antes de irmos jantar, minha mãe trocou-o.
Depois, ele se recusou a ir para a sala. Dizia que estava com medo e que era perigoso. "PE-RI-GO-SO!" Ele repetia.
Tive a idéia de levar uma mesinha para o quarto, para ele poder comer na cama. Levei meu prato também, e jantei na escrivaninha.
Mas enquanto comia, ele quase não se movia. Então, tentei ajuda-lo. Primeiro, perguntei se ele queria minha ajuda. Ele aceitou. Segurei a colher com a sopa e dei em sua boca. Foi aí que ele ficou indignado e falou:
- Sou mesmo um palhaço!
- Não é, não, pai! - respondi.
- Sou, sim! Engano vocês todas! Engano. Engano. Eu minto o tempo todo.
- Paizinho, você não mente não. Deixa eu te ajudar a comer, tá bom?
Ele aceitou, mas com um olhar relutante. Pela primeira vez, em uma semana, ele comeu quase um prato de comida. Está difícil faze-lo se alimentar. Não adianta preparar alimentos preferidos ou mais macios. Ele não tem apetite.
Hoje, na hora do almoço, foi uma luta. Na verdade, estou há 3 horas tentando convence-lo a comer. Mas desta vez, não está aceitando a minha ajuda. Até soltou um "cacete" bem sonoro, em uma das vezes que tentei dar comida na boca. Estou quase desistindo e não sei o que fazer. Preciso de ajuda...
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