sexta-feira, 1 de março de 2013

Datena


Meu pai sempre achou programas como o Brasil Urgente, Ratinho e cia desprezíveis. Assim como ele, nunca fui fã de programas sensacionalistas, repetitivos e exploradores de sofrimento alheio. Mas gosto não se discute.

Durante um bom tempo, meu pai assistiu ao programa do Datena diariamente. Quando estava chegando o horário de começar o Brasil Urgente, meu pai falava "uuuuuhhh, tá na hora de ver as notícias do povo!". E mudava de canal - de vez em quando me perguntava qual era a emissora do Datena.

Atentamente, ouvia e ria de muitas notícias trágicas. Eu, que fazia companhia, acabava rindo também, de tanta desgraça que aparecia.

O mais engraçado era rir dos comentários do Datena. Até comecei a simpatizar com ele - antes, achava-o "intragável". 

Meu pai imitava-o, falando os jargões do apresentador, como "ladrão de lixo", "paspalho", "babacas", "me ajuda aí", "porrada", "ibagem" etc. Também imitava alguns repórteres, fazendo graça de sotaques cariocas ou modo de falar (ele falava "amigosssssss", "baiiiixa aí", "éeeeeeeeeeeeeee")

No início, lembro-me que tanto minha mãe quanto eu, ficamos preocupadas com o tipo de notícia que meu pai estava vendo. Depois de algumas semanas, ficamos tranquilas. Isso não fazia mal nenhum a ele. Se aquilo estava divertido, era o que importava.




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