No ano passado (ou será retrasado?), enquanto meu pai ainda tomava banho sozinho, parou de lavar o cabelo, de uma hora para outra.
Notamos depois de um certo tempo, quando percebemos que seu cabelo estava oleoso demais e com caspas. Falávamos para ele lavar durante o banho, mas ele respondia que não precisava, com a maior convicção.
Comecei a lavar a cada 2 dias, mais ou menos, depois que ele tomava banho. No início ele relutou, mas depois se acostumou.
Ele sentava-se num cadeira, de costas para o box, com a cabeça bem inclinada. Eu lavava com chuveirinho. Até comprei aquela capa de plástico de cabeleireiro, para não molhar a roupa dele.
Muitas vezes, ele não me deixava lavar o cabelo. Para convencê-lo, às vezes dizia "vamos lavar o cabelo com o xampu da Gisele Bündchen, pai? " e obtia sucesso (ou não). Ele sempre foi fã dela.
Em outras ocasiões, dizia para lavar o cabelo e aproveitar para ganhar uma massagem gratuita na cabeça. Falava que a minha parte favorita ao ir ao cabeleireiro não era cortar o cabelo, e sim lavar as madeixas, pois a sensação era a melhor.
Quando ele estava bem-humorado, entrava no banheiro e, ao acender a luz falava "luzes", ligava o rádio e dizia "som" e sorria.
Meu pai sempre teve o hábito de ouvir música durante o banho. Lembro-me de também ter adquirido esse costume quando criança e acabava ouvindo as mesmas coisas que ele ouvia: Adoniram Barbosa, Beatles, música clássica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá, obrigada por comentar!
Gostaria muito de saber como você convive com a doença de pick.
Se tiver alguma dúvida, crítica ou sugestão, sinta-se à vontade.
Conto com sua ajuda para tornar este blog melhor!