segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Noites em claro

Nas últimas semanas tem sido complicado dormir a noite.


Já tinha ouvido falar que ao entardecer muitos pacientes com Alzheimer e doenças do tipo ficam agitados. 

Meu pai começa a ficar com aquele medo e recusa-se a sair da cama. Fica ofegante e triste, só sussurrando e pedindo para não deixá-lo sozinho.

Fica assim também na hora de dormir a noite. Tenho ficado ao seu lado até ver que ele já dormiu. Dá um aperto no coração de ve-lo com tanto medo de ficar sozinho. Ele pega na minha mão, faz uma "carinha" e pede para eu não abandona-lo. E eu, claro, prometo que sempre estarei ao lado dele. 

Minha mãe também acaba acordando de madrugada quando ele levanta.

Às 3h40 de ontem, de madrugada, eu estava sentada no chão, perto da cama e meu pai estava deitado de lado, com as costas voltadas para mim. Achei que ele já estava quase dormindo, quando virou de repente, com o olhar lúcido e a voz firme e disse:

- Ué! O que que você tá fazendo aí?
nada, nada, já tô indo - respondi, meio surpresa.
- Pode ficar aí, se quiser!
- Não, pai, tô morrendo de sono e vou dormir! Boa noite!
- Boa noite!

E dormiu.

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